Artigo
Cor e esgrafito no Alentejo
Sofia Salema1,*, José Aguiar2
1 CHAIA-UE (Centro de História de Arte e Investigação Artística, Universidade de Évora), Portugal
2 FA-UTL (Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa), Portugal
* ss.sspg@gmail.com
Resumo
Este artigo pretende sensibilizar todos os intervenientes e o público em geral para o valor e para a situação de risco deste património, enfatizando a necessidade de salvaguardar a sua autenticidade material. Um dos resultados que mais se destacou durante a pesquisa por nós desenvolvida sobre os esgrafitos no Alentejo foi o facto de que a maioria dos esgrafitos inventariados terem sido sujeitos a tantas acções de pintura que, hoje, já não é perceptível o seu aspecto, os seus cromatismos e/ou as suas texturas originais. Sendo o esgrafito uma técnica decorativa com reboco à vista, há valores da matéria que não podem ser descurados, tais como a textura ou a cor das argamassas, pois são intrínsecos à natureza deste revestimento mural. Mesmo quando a actual cultura da conservação e restauro assume como condição sine qua non a conservação da matéria enquanto testemunho cultural, verifica-se frequentemente que, no caso do esgrafito, a intervenção é feita utilizando critérios da construção civil e não de conservação. Infelizmente, continua-se a constatar um desconhecimento sobre como intervir nos esgrafitos, resultando em intervenções ditas de "conservação" ou "recuperação" inadequadas, como, por exemplo, a aplicação de camadas de pintura sobre estas decorações, causando perda dos testemunhos e valores dos edifícios históricos. Numa primeira fase do artigo, descreve-se o conceito e a técnica de execução do esgrafito, e apresenta-se o panorama dos esgrafitos em monumentos religiosos no Alentejo, ilustrando com casos em que a cor, a textura e a superfície dos esgrafito não foi alterada. Posteriormente, procura-se sensibilizar o público expondo alguns dos inúmeros casos onde a técnica do esgrafito foi subvertida. Por fim sistematiza-se um conjunto de recomendações que poderão ajudar na qualificação das intervenções sobre os esgrafitos.
Palavras-chave
Conservação
Esgrafito
Restauro
Superfícies arquitectónicas
Idioma
Português
DOI
10.14568/cp9_3
Download
PDF | Material adicional
Importar referência
RIS | Endnote
Citação
Conservar Património | APA | Chicago | NP405 | ABNT
Conservar Património: Salema, S.; Aguiar, J., 'Cor e esgrafito no Alentejo', Conservar Património 9 (2009) 13-25, https://doi.org/10.14568/cp9_3.
APA: Salema, S., & Aguiar, J. (2009). Cor e esgrafito no Alentejo. Conservar Património, 9 13-25. DOI:10.14568/cp9_3.
Chicago: Salema, Sofia, and José Aguiar. 2009. "Cor e esgrafito no Alentejo." Conservar Património 9:13-25. doi:10.14568/cp9_3.
NP405: SALEMA, Sofia; AGUIAR, José – Cor e esgrafito no Alentejo. Conservar Património. [Em linha]. 9 (2009) 13-25 [Consult. ]. Disponível em WWW: <URL:https://doi.org/10.14568/cp9_3>. ISSN 21829942.
ABNT: SALEMA, Sofia; AGUIAR, José. Cor e esgrafito no Alentejo. Conservar Património, Lisboa, v. 9, p. 13-25, 2009. Disponível em: <https://doi.org/10.14568/cp9_3>. Acesso em: .
História
Recebido: 2009-06-17 Revisto: 2009-06-16 Aceite: 2008-10-16Online: 2017-10-3 Publicação: 2010-1-9
Referências
1 Salema, S., 'Cor e esgrafito. Saber ver para proteger', Construção Magazine. Revista técnico-científica engenharia civil 25 (2008) 27-33.
2 Salema, S.; Aguiar, J., 'Cor e esgrafito', Pedra & Cal. 39 (2008) 7-10.
3 Segurado, J., Acabamentos das Construções. Estuques e Pinturas, Livraria Bertrand, Lisboa (s.d.).
4 Zerbinatti, M., 'Intonaci a calce e ornamentazioni a graffito', in Malte a Vista con Sabbie Locali nella Conservazione degli Edifici Storici, Seminario com dimostrazioni pratiche e di laboratório, 6-8 Julho 2000, Turim, coord. P. Scarzella, Politecnico di Torino, DISET, Turim (2000) 1.1.3.1-1.1.3.35 Aguiar, J., Cor e cidade histórica, estudos cromáticos e conservação do património. Publicações FAUP, Porto (2002).
5 Salema, S.,'A salvaguarda das superfícies arquitectónicas. O exemplo do esgrafitos em Évora', in 3º Encontro sobre Conservação e Reabilitação de Edifícios, 26-30 Maio 2003, Lisboa, LNEC, Lisboa (2003), Vol. 1, 193-200.
6 Pereira, P., 'As grande edificações 1450-1530 - o problema do mudejarismo', in História de Arte Portuguesa, direcção P. Pereira, edição Círculo de Leitores, Lisboa (1995) Vol. 2, 11-113.
7 Espanca, T., Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Évora, versão em CD, co-edição de ANBA e IPPAR, (2000).
8 Boiça, J.; Barros, M. F., 'A Igreja Matriz de Mértola', in Mértola Mesquista/Igreja Matriz. Campo Arqueológico de Mértola, Mértola (2002) 35-92.
9 Monteiro, P., 'A Capela de S. João Batista do Castelo de Amieira do Tejo', estudo encomendado pelo IPPAR, Évora, (2004).
10 Serrão, V., 'A pintura Fresquista à sombra do Mecenato Ducal', Monumentos 6. (1997) 14-21.
11 Donas Botto, M., 'Elementos para o estudo da pintura mural em Évora durante o período moderno: evolução, técnicas e problemas de conservação', dissertação de Mestrado, Universidade de Évora, (1998).
12 Salema, S., 'As Superfícies Arquitectónicas de Évora. O Esgrafito: Contributos para a sua Salvaguarda', dissertação de Mestrado.
13 Universidade de Évora (2005).
14 ICCROM/BDA 'The conservation of historical plaster facades, recommendations of ICCROM/BDA', Conclusões do curso ASC96, Áustria (1996).
15 Feilden, B., 'Conservation of historic Buildings. Butterworth-Heinemann, Oxford (1994).
Endereço persistente: https://doi.org/10.14568/cp9_3
|