Há precisamente 30 anos, no dia 28 de junho de 1995, era feito o registo da Associação Profissional de Conservadores-restauradores de Portugal no Cartório Notarial de Queluz. Tendo sido este o primeiro momento do processo formal de constituição da ARP, quer isto dizer que hoje estamos de parabéns!
Tudo começa com um conjunto de profissionais que reconheceu a necessidade de criar uma associação “destinada a defender, desenvolver e promover o estatuto profissional do Conservador-Restaurador, assim como proteger e salvaguardar de forma prática, científica e técnica e cultural o património artístico móvel e imóvel”: Agnès Arinto, Maria da Conceição Casanova, Nuno José Almeida, Maria Filomena Rodrigues, Maria Margarida dos Santos, José Artur Pestana, Maria Alexandrina Barreiro, Maria da Conceição Ribeiro, Maria Alice Cotovio, Marcos António Diniz e Joaquim Caetano.
Decorridas três décadas desde essa data, a associação teve muitos momentos, como costuma acontecer em percursos com relativa longevidade. Nesse período conseguiu consolidar-se, obter o reconhecimento do seu carácter representativo junto do Estado, tendo estado ligada aos principais avanços legislativos que ocorreram relacionados com a profissão desde então. Seja o Decreto-Lei n.º 140/2009, a criação de códigos para empresas e profissionais (específicos para a conservação e restauro), seja a mais recente alteração ao Decreto-Lei n.º140/2009, com a publicação do Decreto-Lei n.º 90/2024 (definindo o perfil e a habilitação necessários dos conservadores-restauradores para a realização de intervenções de conservação e restauro em património cultural), todos tiveram o contributo da ARP, estando a concretização dos mesmos, inevitavelmente, ligados à ação da associação.
Importa ainda destacar neste percurso, com igual relevância, os vários cursos e encontros promovidos pela ARP. Permitiram, ao longo destes 30 anos, a partilha de conhecimentos e experiências entre profissionais, sobretudo em épocas em que a existência destes não abundava. E a publicação da revista Conservar Património, que lançou o seu primeiro número em 2005, vindo a desempenhar um importante papel no processo de afirmação de uma matriz científica, associada ao pensamento e prática da Conservação e Restauro no nosso país, e não só.
É, por isso, um caminho feito de muitos contributos (direções, associados, colaboradores…) pelo que à celebração se juntam, obrigatoriamente, os agradecimentos. O nosso sincero e sentido obrigado, no dia de hoje, a todas e todos os conservadores-restauradores e profissionais do sector do património cultural, que contribuíram com o seu empenho e com o seu tempo, ao longo deste percurso, para afirmar a profissão e a conservação e restauro, e se bateram pela defesa do património.
Para assinalar o momento, temos previsto a realização de algumas iniciativas até ao final do ano. Aproveitando o simbolismo da data, iremos introduzir alterações na comunicação visual da associação, com a mudança do logotipo da ARP. No dia 11 de Outubro (marquem já na vossa agenda!), iremos realizar um encontro no Museu da Farmácia, em Lisboa, que procurará ser um espaço de encontro entre as várias gerações e intervenientes destes 30 anos, onde faremos uma retrospetiva das mudanças produzidas na profissão, no mercado de trabalho, ensino e investigação, na conservação e restauro. Iremos, também, produzir uma publicação, que reunirá textos sobre os mesmos temas, e que serão realizados por profissionais do setor.
Temos plena consciência que existem ainda muitos desafios para a profissão e para a área, e que estamos ainda longe do processo de reconhecimento pleno, por parte da sociedade, do papel e da importância do conservador-restaurador e da conservação e restauro. Mas é importante reconhecermos que hoje estamos mais próximos desse objetivo traçado há 30 anos, e se continuarmos a acreditar nessa possibilidade como acreditaram aqueles do já distante dia 28 de junho de 1995 e os muitos profissionais que fizeram estas três décadas, não tenho dúvida que lá chegaremos. Porque o património cultural importa, a conservação e restauro importa, e os conservadores-restauradores importam.